Um aplicativo desenvolvido pela Faculdade de Engenharia da Computação da PUC de Campinas (SP) permite a identificação de cédulas de dinheiro para pessoas cegas, evitando assim que elas sejam enganadas.
O aluno por trás do software é Leonardo Maciel, que desenvolveu a ferramenta como parte do seu TCC junto à Fernando Maciel da Silva, de 33 anos, deficiente visual que lhe dá feedback para aperfeiçoar o aplicativo a partir do entro Interdisciplinar de Atendimento à Pessoa com Deficiência (Ciapd).
Batizado de “Blind” (Cego), o aplicativo utiliza um sensor da câmera de um smartphone e um sistema de reconhecimento offline que “fala” o valor das notas contabilizadas.
De acordo com Leonardo, a ideia é poder oferecer autonomia e independência a pessoas cegas no dia a dia. O Blind será disponibilizado gratuitamente para smartphones em breve.
A ideia
O estudante explica que a ideia surgiu após conversar com um amigo, que é cego, sobre os problemas que ele tinha com o reconhecimento das notas, mesmo após uma mudança positiva realizada pelo Banco Central em 2014.
“Ele comentou comigo que mesmo com a mudança no tamanho das notas tinha dificuldade de conseguir saber, porque umas já estão gastas ou simplesmente porque não consegue distinguir o tamanho de uma para outra”, disse Leonardo ao G1.
Como funciona
De modo a garantir a eficiência e eficácia do reconhecimento e verbalização das notas de dinheiro, Leo abasteceu o banco de dados do software com várias imagens de cédulas, desde as novinhas às dobradas e gastas.
“Eu faço o treinamento do software com fotos das notas, de várias formas diferentes, de como ela pode estar e, com esse treinamento, a pessoa consegue identificar”, diz.
Testagem
O Blind está sendo testado por Fernando Maciel, de 33 anos, que é deficiente visual. “A gente está tentando ajudá-lo. O Fernando vende trufas na rua, então precisa de ajuda para dar o troco, saber como contar o dinheiro corretamente. Ele já sofreu muito com isso, foi enganado algumas vezes”, conta o estudante.
Fernando está sem emprego há três anos. Ele perdeu a visão em 1999 após sofrer uma lesão no nervo óptico. Agora, espera que o aplicativo o auxiliará a ter mais autonomia em seu cotidiano, além de o ajudar a melhorar as vendas de sua loja no centro de Campinas (SP).
“É uma nova adaptação e essa ideia vai me ajudar muito. Ainda estou aprendendo, mas quero treinar para facilitar pra mim”, diz.
A expectativa do desenvolvedor do Blind é ampliar o banco de dados da ferramenta e liberá-lo para utilização gratuita ainda neste mês de março.
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Fonte: SNB